A mediocridade não é mais do que o processo que se constitui pelo sentimento em relação ao mérito dos outros: traduz-se na inveja e emerge socialmente pelo ciúme.
A inveja não é ódio. Pode-se odiar pessoas, animais ou coisas mas só se pode invejar pessoas. O ódio pode, eventualmente ser justo (ou não), a inveja é sempre injusta pois o mérito e a prosperidade não afecta negativamente nem causa dano a ninguém.
O sentimento de inveja, surge assim, como o elemento desprezível que o “invejoso” sente pelo mérito dos outros, é a “chapada”[1] que recebe pela glória alheia, é o veneno que lhe corrói o espírito, revelador da sua própria insignificância.
Todo aquele que inveja não faz mais do que demonstrar socialmente a sua mesquinhez, rebaixando-se sem o dar conta da sua condição de subalterno, da sua inferioridade e da sua nudez espiritual e intelectual.
Ninguém, mas mesmo ninguém, reconhece ser invejoso. Como disse acima, isso seria reconhecer-se inferior ao invejado pelo que se recorre invariavelmente a todos os artifícios para ocultar a sua desprezível inveja. O invejoso sofre pelos sucessos dos outros e rejubila pelos seus fracassos.
A inveja torna-se logicamente na consequência psicológica da auto-consciência de que se é inferior. Transforma-se num tormento. Assim, o invejoso torneia esse sentimento evitando que os outros (hierarquias incluídas) se aproximem deles e possam descobrir a sua nudez de espírito. A inveja assume um papel de escudo defensivo mesmo quando, em fugazes sucessos, temem que as vozes interiores lhes gritem que os usurparam porque não os merecem.
A sabedoria, a força e a beleza constituem pilares ou colunas que se desejariam ver-se reflectidos em todas as coisas e em todos os actos bem como intensificados em todas as intervenções humanas. A mediocridade não tem aqui lugar, pois toda a inveja é subjugada e toda a superioridade é admirada.
Rui Pereira de Freitas
[1] Termo madeirense que significa bofetada forte, dada com intenção deliberada.
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