terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Seriedade ou malagueta na boca!

Seriedade ou malagueta na boca!

“Perdeu-se o Norte. Este país perdeu o Norte.” É com esta expressão que a minha tia Merita, no conforto dos seus quase 90 anos, tem reagido à catapulta de notícias sobre o Primeiro-ministro. “Não há ninguém neste país que tenha a gentileza de oferecer uma bússola ao nosso Primeiro para ver se ele, finalmente, encontra um adequado rumo para este país?” Pergunta ela sempre que, na televisão, vê José Sócrates a tentar desviar-se do incómodo das questões que lhe são colocadas por jornalistas e comentadores políticos.
A bússola a que a minha tia Merita se refere chama-se seriedade. Efectivamente o que actualmente José Sócrates necessita, agora mais do que nunca, é de seriedade. Seriedade nos actos, seriedade nos conceitos, seriedade na comunicação com os portugueses.
“Mentiroso” foi a alcunha que parte da população portuguesa decidiu aplicar a Sócrates. Só que o conceito de “mentiroso” aplicado ao Primeiro-ministro era de um “mentiroso sério” (se é que isso existe!). Agora, até essa aura de seriedade Sócrates perdeu! Passou a ser um mentiroso sem seriedade e sem vergonha. A questão do elogioso relatório da OCDE sobre a educação em Portugal, que afinal não era da OCDE, é exemplo dessa perda definitiva de seriedade.
Quando em frente das câmaras da TV José Sócrates afirmou que o relatório da OCDE era o mais elogioso, jamais produzido, sobre a estrutura do sistema educacional português, sabia perfeitamente que estava a mentir. Na Assembleia da República, e perante o óbvio dos factos, tentou dar o dito por não dito. Pior a emenda do que o soneto. O requinte de malvadez do prefácio escrito por uma qualquer chefe de divisão da OCDE para, de alguma maneira, confundir os portugueses, constitui uma fraude política grave. José Sócrates mentiu, sabia que estava a mentir e, pior, mentiu de forma descarada convencido que nós, pobres imbecis portugueses, lhe conferimos seriedade à mentira.
Estou de acordo com a minha tia Merita. Dê-se uma bússola a Sócrates! Na ausência de uma bússola então que se lhe esfregue uma malagueta nos lábios que, nos meus tempos de infância, era a inevitável mas eficaz pena para uma mentira publicamente assumida.