“Quando
a Ganância dá de caras com a Futilidade”
ou “O que obriga a vã glória de mandar”
A ganância move-se normalmente por caminhos
diferentes daqueles por onde anda a futilidade.
A ganância é uma entidade sempre insatisfeita e insaciável.
Deseja e aspira sempre mais, mais e mais. Representa o arquétipo da adição
inconsolada, não reconhecendo a futilidade que essa ambição desmedida
representa.
Por seu lado, a futilidade enfoca a
trivialidade, a ninharia superficial e a mais evidente vulgaridade. Pavoneia-se
com óbvias banalidades (que piamente acredita serem genialidades) e surge
socialmente loira de espírito, indiferente ao escárnio contido que gera nos
demais.
Por regra a ganância e a futilidade evoluem em
linhas paralelas evitando qualquer hipótese de cruzamento. Mas por vezes, e por
circunstâncias que apenas os deuses saberão explicar, assiste-se de sopapo a um
improvável encontro: aí a ganância dá de caras com a futilidade.
Assim, explode repentinamente a feroz
necessidade de decorar toda e qualquer atitude relacional através de uma bem
montada dissimulação estratégica. A ganância enaltece a futilidade e esta
vaidosamente finge apreciar o dissimulado desprendimento e desapego da ambição.
Entra-se definitivamente no reino da concupiscência e da cupidez com a finalidade
evidente de obtenção mútua de proveitos, vantagens, benefícios e prebendas
injustificadas.
Ao que obriga a vã glória de mandar.
Rui Pereira de Freitas