quarta-feira, 15 de novembro de 2017


Quando a Ganância dá de caras com a Futilidade ou O que obriga a vã glória de mandar

A ganância move-se normalmente por caminhos diferentes daqueles por onde anda a futilidade.
A ganância é uma entidade sempre insatisfeita e insaciável. Deseja e aspira sempre mais, mais e mais. Representa o arquétipo da adição inconsolada, não  reconhecendo a futilidade que essa ambição desmedida representa.
Por seu lado, a futilidade enfoca a trivialidade, a ninharia superficial e a mais evidente vulgaridade. Pavoneia-se com óbvias banalidades (que piamente acredita serem genialidades) e surge socialmente loira de espírito, indiferente ao escárnio contido que gera nos demais.
Por regra a ganância e a futilidade evoluem em linhas paralelas evitando qualquer hipótese de cruzamento. Mas por vezes, e por circunstâncias que apenas os deuses saberão explicar, assiste-se de sopapo a um improvável encontro: aí a ganância dá de caras com a futilidade.
Assim, explode repentinamente a feroz necessidade de decorar toda e qualquer atitude relacional através de uma bem montada dissimulação estratégica. A ganância enaltece a futilidade e esta vaidosamente finge apreciar o dissimulado desprendimento e desapego da ambição. Entra-se definitivamente no reino da concupiscência e da cupidez com a finalidade evidente de obtenção mútua de proveitos, vantagens, benefícios e prebendas injustificadas.
Ao que obriga a vã glória de mandar.
Rui Pereira de Freitas