Da solidariedade à ação.
“A Ideia de
solidariedade à escala mundial pode mudar o mundo. A solidariedade não é apenas
compaixão; é um sentimento de unidade e de responsabilidade comum. (…) Os
nossos sonhos podem mudar a face do mundo, mas devem ser acompanhados de
ações!”
Lech Walesa, 2005,Prémio
Nobel da Paz
É sobretudo nos momentos de crise que a palavra
“solidariedade” surge recorrentemente e de forma incisiva no reportório
linguístico das nossas reflexões, ações e conversas. Constitui uma das formas
de mostrarmos interesse em prestar auxílio a alguém manifestando, de algum
modo, um sentimento de partilha do sofrimento alheio.
Esse sentimento solidário remete-nos para um conceito mais
alargado de interdependência social. Com efeito, essa interdependência emerge
do facto de todas as componentes sociais de uma cadeia terem necessariamente de
agir solidariamente, porque dependem umas das outras e porque, a não ser assim,
o risco de rutura social estaria eminente. Estamos, pois, em presença de uma óbvia
situação de responsabilidade recíproca entre os elementos de organizações e da
comunidade.
Na verdade, agir em solidariedade implica solidez e tem
subjacente a ideia de união, ou seja, a convicção de que as pessoas tendem a
agir em consonância perante um problema comum, porque ao partilharem interesses
coletivos sentem-se parte integrante do mesmo sistema social.
Esse reconhecimento de que todos precisamos uns dos outros
obriga, por outro lado, a ter consciência que nem todos temos as mesmas
oportunidades, pelo que se torna imperioso que toda a ação concertada de
solidariedade social integre medidas concretas de promoção da inclusão e de combate
às desigualdades.
É por isso que se entende que as respostas solidárias aos
problemas resultantes de situações de emergência social devem pautar-se por
princípios elementares de justiça social, de modo a que os custos e
responsabilidades sejam distribuídos equitativamente por todos. No caso dos
recentes incêndios que afetaram a Região, foi este conceito de solidariedade
concertada e ativa que esteve na base da planificação e concretização do vasto
conjunto de respostas solidárias coordenadas pela Secretaria Regional da
Inclusão e Assuntos Socias, e implementadas pelos diversos parceiros públicos e
privados.
A ação concertada é obrigatoriamente a componente fundamental
e indissociável da concretização no terreno de medidas solidárias. A
solidariedade não se compadece com indiferenças e não pode ficar-se por atos
isolados de simples fornecimento de meios e recursos. É necessário agir, é
necessário fazer. É necessário participar concertada e ativamente nas ações
planeadas para, depois, sermos capazes de, em conjunto, usufruir da plena satisfação
de termos contribuído para o bem comum.
Rui Pereira de Freitas
(Crónica originalmente publicada no JM de 05-09-2016)
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