O Locus de
Controlo
Ninguém é perfeito!
Todos nós experimentamos momentos em que objetivamente reconhecemos
que a nossa escolha (ou a nossa decisão) não foi a mais adequada para o
objectivo pretendido. Ou seja, reconhecemos que errámos!
Errar é humano, dizem. Mas errar sistematicamente é
teimosia! E insistir no erro constitui irresponsabilidade!
Acontece que na doméstica política regional, a irresponsabilidade
parece, atualmente, constituir norma e regra. Os erros óbvios das decisões e
escolhas políticas da última década foram sistematicamente sacudidos para a
esfera dos oníricos fantasmas que pretensamente emergem nos bodes expiatórios do
regime: a maçonaria, os ingleses, a madeira velha, e, quiçá, os extraterrestres
associados à Trilateral ou ao grupo de Bilderberg.
É típico da covardia política remeter para fatores externos
o locus de controlo das decisões que
aparentemente se revelam erradas: é como se admitisse que as “boas” escolhas políticas
resultassem do mérito do decisor e que as decisões menos conseguidas não fossem do próprio mas sim o resultado da interferência externa e eventualmente abusiva de “outros malditos”.
Hoje o tempo é de reconciliação com os erros do passado.
Assumi-los e acomodá-los nos nossos sistemas de aprendizagem para que o erro
passado se transmute na lição para o futuro.
A soberba pseudointelectual manifesta naqueles que, estando
no poder executivo nos últimos anos e que não souberam ou que não quiseram
apresentar soluções, afigura-se-nos como a evidente constatação da existência de
um conjunto de conceitos travestidos de idílicas soluções. Isto porque estão impedidos
cognitivamente de entender que o modelo da praxis
política que vem defendendo simplesmente se esgotou.