segunda-feira, 23 de junho de 2014





O Status Quo e a Pré Campanha Interna no PSD-M
 
Independentemente do apoio a este ou àquele candidato à liderança do PSD-M, a questão da democracidade e da transparência no processo de eleição interna no PSD-M é bem mais importante do que se julga! Parecem existir óbvios indícios de negativa interferência “aparelhista” nesta pré-campanha interna.


Os candidatos da área governamental dispõem de meios inacessíveis aos outsiders. Não falo apenas das manchetes e destaques do Jornal da Madeira em prol de determinados candidatos, mas refiro-me sobretudo à cadeia hierárquica da Administração Pública Regional (e do sector público empresarial) que está a ser despudoradamente usada pelos candidatos instalados: a chantagem, a ameaça velada e a intimidação tendem a constituir a estratégia primeira de quem atualmente exerce o poder e que quer mante-lo a todo o custo.


É por demais evidente a existências de práticas “recolectoras de informação” como o registo pidesco dos convívios e confraternizações com eventuais “inimigos outsiders”, a monitorização dos “likes” dados nas redes sociais em candidatura tidas por hostis e a interferência na esfera privada das relações de amizades. Todo este material de “inteligência” tem constituído argumento para que as elites instaladas façam valer a sua posição hierárquica nas empresas públicas e na Administração para “recomendarem fortemente” aos subordinados uma determinada orientação ou a inibição de eventuais manifestações dissonantes com o status quo instalado – sei do que falo!


Mas é importante analisar duas coisas que, ao longo das últimas décadas, parecem não ter sido suficientemente diferenciadas: a esfera do partido e a esfera da Administração. A Administração e o Governo Regional não são o partido (PSD-M)! O partido suporta o Governo mas não é, ele próprio, o Governo! Daí que não seja relevante para a praxis política que a dependência hierárquica na Administração implique imediato apoio ao respetivo candidato partidário. As pressões e as intimidações hierárquicas são, por isso, ilegítimas, reprováveis e perfeitamente dispensáveis.


As eleições internas no PSD-M não podem, nem devem, constituir uma luta fratricida entre companheiros da mesma família política. Costumo dizer que, não obstante sermos todos diferentes, estamos todos na luta pela autonomia regional, pela social-democracia e pelo mesmo partido político. Isto implica que, no final do dia das eleições internas, todos os movimentos de apoio a este ou àquele candidato, naturalmente se extingam, para dar lugar ao apoio unânime ao candidato eleito. Seja ele qual for!


O legado do PSD-M é por demais importante para se oferecer o poder de “mão beijada” a uma oposição continua e reconhecidamente incompetente!