O Status Quo e a Pré Campanha Interna no PSD-M
Independentemente do apoio a este ou àquele candidato à
liderança do PSD-M, a questão da democracidade e da transparência no processo
de eleição interna no PSD-M é bem mais importante do que se julga! Parecem
existir óbvios indícios de negativa interferência “aparelhista” nesta pré-campanha
interna.
Os candidatos da área governamental dispõem de meios inacessíveis
aos outsiders. Não falo apenas das
manchetes e destaques do Jornal da Madeira em prol de determinados candidatos,
mas refiro-me sobretudo à cadeia hierárquica da Administração Pública Regional (e
do sector público empresarial) que está a ser despudoradamente usada pelos
candidatos instalados: a chantagem, a ameaça velada e a intimidação tendem a constituir
a estratégia primeira de quem atualmente exerce o poder e que quer mante-lo a
todo o custo.
É por demais evidente a existências de práticas “recolectoras
de informação” como o registo pidesco dos convívios e confraternizações com
eventuais “inimigos outsiders”, a monitorização dos “likes” dados nas redes
sociais em candidatura tidas por hostis e a interferência na esfera privada das
relações de amizades. Todo este material de “inteligência” tem constituído argumento
para que as elites instaladas façam valer a sua posição hierárquica nas
empresas públicas e na Administração para “recomendarem fortemente” aos
subordinados uma determinada orientação ou a inibição de eventuais manifestações
dissonantes com o status quo
instalado – sei do que falo!
Mas é importante analisar duas coisas que, ao longo das
últimas décadas, parecem não ter sido suficientemente diferenciadas: a esfera
do partido e a esfera da Administração. A Administração e o Governo Regional
não são o partido (PSD-M)! O partido suporta o Governo mas não é, ele próprio,
o Governo! Daí que não seja relevante para a praxis política que a dependência hierárquica
na Administração implique imediato apoio ao respetivo candidato partidário. As
pressões e as intimidações hierárquicas são, por isso, ilegítimas, reprováveis
e perfeitamente dispensáveis.
As eleições internas no PSD-M não podem, nem devem,
constituir uma luta fratricida entre companheiros da mesma família política. Costumo
dizer que, não obstante sermos todos diferentes, estamos todos na luta pela autonomia
regional, pela social-democracia e pelo mesmo partido político. Isto implica que, no final do dia das
eleições internas, todos os movimentos de apoio a este ou àquele candidato, naturalmente
se extingam, para dar lugar ao apoio unânime ao candidato eleito. Seja ele qual for!
O legado do PSD-M é por demais importante para se oferecer o poder de “mão
beijada” a uma oposição continua e reconhecidamente incompetente!
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