segunda-feira, 13 de janeiro de 2020



Mitos e Ilusões

Mitos? O que não falta por aí são mitos … uns mais urbanos, outros nem tanto!

Os mitos não passam de historietas sobre deuses, heróis, criaturas políticas ou outros poderosos que, a seu modo e belo prazer, nos tentam fazer crer que o mundo não passa daquilo que, teimosamente, nos tentam impingir.

Um mito não é necessariamente uma mentira, pois surge invariavelmente como narrativa verdadeira para quem o vive. A narração de uma determinada historieta mítica transmuta-se, assim, enquanto idílica atribuição de um determinado sentido ou qualidade inerente aos tais políticos e heróis poderosos.

E é assim que surgem as hordas de seguidores acéfalos, quais carneiros obedientes. Chamem-lhe o que quiserem: clubes de fãs, seitas, grupos de interesse, etc. Mas, na verdade, não passam de “encarneirados” ou idiotas úteis.

Por outro lado, também não é lícito afirmar que o mito seja uma total ilusão, pois a sua narrativa tem uma certa racionalidade - mesmo que não tenha uma óbvia e consistente lógica - por trabalhar apenas, quer com o material instintivo recalcado quer com as fantasias idiossincráticas dos seus seguidores.

É, pois, importante diferenciar o “mito” do “ídolo”: não obstante, existir uma relação entre os dois, o mito surge sempre muito “maior” que o ídolo pois, só este último, é objeto de paixão e de veneração.

Se pensarmos na doméstica política regional, vemos por aí alguns mitos travestidos em ídolos. Mas, se formos a ver bem fundo, não são nem uma coisa nem outra. São apenas epifenómenos circunstanciais que se autointitulam de infalíveis supercompetentes … presunção e água benta …

E os ciclos repetem-se! Os cães ladram, mas, infelizmente, a caravana acaba sempre por passar!

Rui Pereira de Freitas