Mitos e Ilusões
Mitos? O que não falta por aí são mitos … uns mais urbanos, outros
nem tanto!
Os mitos não passam de historietas sobre deuses, heróis, criaturas
políticas ou outros poderosos que, a seu modo e belo prazer, nos tentam fazer
crer que o mundo não passa daquilo que, teimosamente, nos tentam impingir.
Um mito não é necessariamente uma mentira, pois surge
invariavelmente como narrativa verdadeira para quem o vive. A narração de uma determinada
historieta mítica transmuta-se, assim, enquanto idílica atribuição de um
determinado sentido ou qualidade inerente aos tais políticos e heróis poderosos.
E é assim que surgem as hordas de seguidores acéfalos, quais carneiros obedientes.
Chamem-lhe o que quiserem: clubes de fãs, seitas, grupos de interesse, etc. Mas,
na verdade, não passam de “encarneirados” ou idiotas úteis.
Por outro lado, também não é lícito afirmar que o mito seja
uma total ilusão, pois a sua narrativa tem uma certa racionalidade - mesmo que
não tenha uma óbvia e consistente lógica - por trabalhar apenas, quer com o
material instintivo recalcado quer com as fantasias idiossincráticas dos seus
seguidores.
É, pois, importante diferenciar o “mito” do “ídolo”: não obstante,
existir uma relação entre os dois, o mito surge sempre muito “maior” que o
ídolo pois, só este último, é objeto de paixão e de veneração.
Se pensarmos na doméstica política regional, vemos por aí
alguns mitos travestidos em ídolos. Mas, se formos a ver bem fundo, não são nem
uma coisa nem outra. São apenas epifenómenos circunstanciais que se autointitulam
de infalíveis supercompetentes … presunção e água benta …
E os ciclos repetem-se! Os cães ladram, mas, infelizmente, a
caravana acaba sempre por passar!
Rui Pereira de Freitas
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