sábado, 10 de agosto de 2019



A Política e o Narcisismo: uma mistura proibida

Não constitui novidade que a sociedade atual está cada vez mais individualista. Isso torna-se mais notório após análise ao âmago da atividade política. O individualismo em si não é coisa muito bera, até pode ser um importante catalisador para o reforço da autoestima e autonomia individual, bem como um ótimo ingrediente para o incentivo à inovação e à criatividade cognitiva.

O problema surge quando o individualismo se transforma em narcisismo. E na política isso é muito perigoso. E mais perigoso ainda fica quando os políticos tornam crónico o seu padrão narcísico: transformam-se em pessoas egoístas e arrogantes. Egocêntricos, fazem questão em exaltar o seu brilhantismo e a sua competência, desejando intimamente passarem à condição de deuses.

Os políticos patologicamente narcísicos passam a projetar uma imagem exageradamente positiva de si mesmos, almejando, e até exigindo, virem a serem admirados e elogiados por todos em seu derredor. Estão-se “nas tintas” para com as necessidades dos outros e marimbam-se com o bem-estar dos seus pares. Mas na verdade, e na maior parte dos casos, isso é sintoma de problemáticas graves ao nível da autoestima. Por certo, nem sequer acreditam verdadeiramente naquilo que propagandeiam em relação a si mesmos.

Em épocas de campanha eleitoral, os políticos narcísicos, fazem questão em propalar competências fora do comum para resolver, de uma assentada, todos os males do mundo. Surgem, descarados, com soluções simplistas para questões complexas. Apresentam-se como heróis, os únicos capazes de salvar a nação, quando, na realidade, estão apenas tirando proveito da vulnerabilidade dos eleitores para conquistarem ou para se manterem no poder. Depois, aos costumes, fazem nada e usam-no apenas em benefício próprio e das suas clientelas mais próximas.

Rui Pereira de Freitas