quinta-feira, 9 de outubro de 2008

“(…) as eleições na Madeira (…) foram um exercício inútil.”

“(…) as eleições na Madeira (…) foram um exercício inútil.”
Vitalino Canas, RTP, após o anúncio pelos diferentes media das primeiras projecções eleitorais.

Inicio o meu comentário aos resultados eleitorais para a ALR da Madeira citando Vitalino Canas, dirigente nacional do Partido Socialista. Confesso que, se não tivesse assistido em directo pela RTP a este comentário, teria dificuldade em acreditar que um dirigente político, com responsabilidades nacionais a tivesse proferido.
Trata-se de uma afirmação hedionda que revela o mais ignóbil sentimento de macrocefalia colonialista lisboeta. Vitalino Canas, falando na qualidade de porta-voz do Partido Socialista, não emite apenas a sua opinião, mas antes, a posição oficial do partido político que sustenta o Governo da República. Por isso essa afirmação é duplamente grave!
Grave, porque o Partido Socialista, de forma explícita e sem deixar dúvidas, entende que a vontade de uma parte da população portuguesa é inútil, é irrelevante e politicamente sem interesse.
Grave, porque já nem sequer disfarça ao abrigo de uma conduta “politicamente correcta” o habitual e repugnante modelo conceptual de óbvia opressão colonialista inerente à condição de “bom socialista” do Largo do Rato.
Na declaração de vitória, Alberto João Jardim, numa atitude eloquente e de Estado, apelou ao bom senso e à retoma do diálogo institucional. A resposta a esta abertura democrática não se fez esperar por parte de Vitalino Canas e do partido do Governo da República: a Madeira é inútil, não interessa e é politicamente desprezível.
Ficamos todos a saber o que pensam os inteligentes e iluminados socialistas da capital sobre o que se passa numa parcela de Portugal que não lhes é politicamente afecta.
Ficamos todos a saber que os socialistas lisboetas, numa situação explícita de derrota humilhante, não conseguem controlar racionalmente os impulsos subconscientes, deixando emergir o material instintivo recalcado, apresentando-se sem pudor enquanto centralistas à moda de Estaline, olhando sobranceiramente, com asco e desprezo, para nós pobres escravos madeirenses.
Perante actos óbvios de ocupação colonial, os escravos poderão um dia não tolerar mais o intolerável.

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