Estamos em Julho.
É comummente aceite que as hostilidades ao lazer se iniciam em Julho.
Em Julho toma forma uma catapulta de mensagens publicitárias anunciando os diferentes paraísos onde o comum dos mortais pensa usufruir momentos de lazer numas retemperadoras e merecidas férias.
Puro engano! Em situações de grave crise financeira o planeamento das férias transmuta-se. Passa de uma edílica ilusão para uma concreta angústia que tritura a o pensamento e aperta o coração. O vil metal, ou melhor, a falta dele, assume agora um papel mais que decisivo na pesquisa do tal lazer veraneante. Já não existe crédito ou conta ordenado que nos valha. A crise, o Sócrates, o IVA e o IRS a pagar em Setembro obriga-nos a desfazer o sonho das férias.
O Presidente Cavaco tem razão. Vamos fazer férias sem sair do país!
Pessoalmente penso que deveremos ser ainda mais radicais: Férias são em casa!
Se fizermos férias em casa, iremos descobrir um sem número de pormenores atractivos que farão inveja a qualquer resort das Caraíbas ou às magrebinas areias da Calheta ou de Machico: será o jardim para recuperar, a porta da dispensa para reparar e todo aquele pó acumulado atrás dos móveis para limpar. É só escolher a actividade que foi sucessivamente adiada ao longo do ano e pôr mãos à obra! São as férias activas que tanto se apregoa. É o exercício físico e as calorias que se despendem sem pagar a um personal trainner. Enfim, serão as férias que nos vão preparar para mais um ano de envelhecimento programado ao ritmo frenético da superação dos objectivos organizacionais que o director lá da empresa já preparou para nos infernizar a existência.
Boas Férias.
Rui Freitas
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